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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"A melodia do adeus (The last song)" - Nicholas Sparks

Foi num momento da minha vida em que sugeri a mim própria embarcar no mundo dos romances. Mas a outra parte diz que queria ler o livro antes de ver o filme. Decidam-se.

Verónica (Roonie), teve a sua vida virada do avesso com o divórcio dos pais. Mesmo três anos depois, continua zangada com o pai, achando este ser o causador de tanta destruição na família. Até àquelas férias...

A mãe obriga-a a ir passar as férias de Verão a Wilmington Beach junto do pai, mas o que parece vir a ser três meses da treta acaba por mostrar-se numa escapadela ao interior de si própria - da primeira paixão ao amor de pai.

Toda a narração é tecida à volta de um piano que Roonie cisma em não ver, numa casa de praia e num ninho de ovos de tartarugas em extinção. Afinal, foi lá que conheceu Will, o rapaz com quem irá apaixonar-se loucamente e a fará mudar de vida: da adolescente rebelde à rapariga madura e protectora.

Um dos melhores livros que li este ano. Não estou muito dada a romances, mas que dá que pensar (e chorar), ai isso dá. Vale muito a pena, ainda por cima escrito pelo herói sentimental e filosófico do momento.

"Insaciável (Insatiable)" - Meg Cabot

Logo quando eu prometi a mim mesma deixar os vampiros de lado, aparece-me este...Dasse...

Não imaginei a Meg a escrever um livro para adultos, ainda por cima com esses monstros sugadores de sangue...Blheca...

Meena Harper tornou-se por excelência numa das poucas mulheres no mundo que não aguentam enredos vampíricos. Mas mesmo assim os seus patrões obrigam-na a escrever sobre o assunto. E além disso, tem de aturar as suas chatices diárias em prever a morte de cada um...exceto a sua...

Quando é convidada a uma festa de recepção para um suposto príncipe romeno, ela nem desconfia que os vampiros vão entrar a sério na sua vida.

O ódio por vampiros transforma-se numa paixão eloquente por Lucien Antonescu, príncipe das trevas, e uma entrada garantida na guerra entre uma das famílias mais antigas e terríveis de toda a Europa.

O fato de ter um irmão capaz de causar estragos a cada segundos e de haver um caçador de vampiros à pala não impede que esta tente procurar e sonhar com aquele que julga amar. Mas a única coisa que Meena irá querer é ter alguma vez existido.

Meg não mostra os vampiros como seres românticos e extremamente belos, mas como animais carregados de vontade de dominar o mundo. Um novo tipo, digamos, das lendas que parece que ficaram gravadas no universo literário.

Mesmo que aprecie bastante a escrita da autora, não encontrei aquele gostozinho especial que costumo encontrar em todos os outros.

domingo, 30 de janeiro de 2011

"Biquínis e Bruxarias (Bras & Broomsticks)" - Sarah Mlynoski

Não sei porquê, mas sinto-me como se não lesse um livro de liceu há imenso tempo... Olhem que não é verdade!

Rachel autodenomina-se como a rapariga mais invisível do colégio onde estuda (estão recordados de "GhostGirl"? É o mesmo). Além disso, a sua vida familiar não ajuda muito; tem os pais divorciados, a irmã com capacidades e caraterísticas físicas superiores e tem que visitar o pai e a futura madrasta semana-sim-semana-não. Poderia ser pior?

Até ao dia em que descobre que a mãe e a irmã, Miri, são bruxas. O que no princípio parece ser algo chato e esquisito, depois mostra-se como uma mais valia, pois consegue usar Miri para alcançar a popularidade que tanto anseia.

Uma coisa que achei um bocado para o exagerado é que Rachel está apaixonada por dois rapazes. Okay...parece que apenas um não chega. Mas com a ajuda da irmã, consegue chamar a atenção de Raf (um dos ditos cujos) e é convidada para o Baile de Primavera... e é aí que os problemas surgem.

Quando acabei de lê-lo, virei para a amiga que mo emprestou e disse-lhe: "Prefiro coisas mais pesadas". Mas acho que ela ficou a pensar no que não devia... -.-' Sim, eu não sou do género de livros de adolescentes nem de liceus. É demasiado cliché para o meu gosto. Mas se colocarem um livro de terror à minha frente, assim sim, já é outra coisa.

"O Fogo (The Fire)" - Katherine Neville

"O Fogo" foi para mim a continuação mais aguardada do ano de 2010. Para quem não sabe, a série começa com "O Oito".

A ação passa-se em 2003, uns quantos anos depois do primeiro livro, com Alexandra Solarin como personagem principal.

Alexandra Solarin é convidada a ir ao aniversário da mãe. Mas o que parece ser uma festança torna-se no início de um novo Jogo.

Cat desapareceu, mas deixou pistas à filha para que esta a encontrasse. Pistas que apenas um mestre no xadrez pode codificar.

O desaparecimento da mãe leva Alexandra às suas memórias mais sombrias, que começam com o suposto assassinato do pai. Desde dos 12 anos que a mãe a proibiu de jogar, pois afirma que foi o jogo dos Deuses que destruiu a sua família.

O livro também conta a criação do tabuleiro de Carlos Magno, ao contrário do primeiro, que apenas mostra como as peças foram escondidas.

Ai, como vou dizer isto?... Fiquei um pouco desapontada quando acabei de lê-lo. Sim, eu estava à esperda de mais ação e de menos conversa fiada. Acho que o meu entusiasmo inicial atingiu-me no coração na página final.

Digo isto porque "O Oito" era um dos melhores livros que já tinha lido. E olhem que o livro era dos anos 80 e eu só nasci em 96...(nada haver).

É estranho. Sempre assimilei as sequelas como melhores ao primeiro volume de cada série. Agora percebo de que nem sempre é assim.

domingo, 23 de janeiro de 2011

"Sobrenatural" Capítulo 2

O capítulo é pequeno, mesmo muito pequeno. Gostaria de colocar mais mas não posso

Capítulo 2
Dizem que elfos são produto da imaginação de crianças pequenas ou de adultos com incapacidades mentais. Mas estarão certos?
Elfos existem. É incrível como uma simples afirmação, se confirmada, pode mudar a história e rumo na vida da Terra.
Eles estão mais presentes que os humanos imaginam; eles protegem-nos dos erros do passado e das decisões do futuro.
Com um pouco de perspicácia e atenção, é fácil verificar-se que não estamos sozinhos no mundo; que todos os dias, vivemos junto deles, que talvez, à primeira vista, os julgamos como humanos.
Mas, pior do que estar morto, é ser um deles.
***
Mesmo com as janelas abertas e todas as cortinas corridas, nenhum pingo de luz solar entrava no quarto.
Havia chegado há menos de doze horas àquela terriola no fim do mundo e, infelizmente para Rui, havia sido demasiado tarde para o sol gélido que reinara no dia anterior. Há mais de uma semana que encontrava-se naquela situação. Mais um pouco...e morreria.
Pelo canto do olho viu uma figura feminina; não precisou de muito tempo para descobrir quem era.
Ana Luísa, antes com a pele levemente bronzeada, estava agora tingida de um amarelo doentio, e tinha o maravilhoso cabelo cor de chocolate baço e sem vida.
Não, Ana Luísa não era desmazelada, nem estava doente. Tinha apenas fome.
Mesmo naquele estado, ela movia-se com leves passos de bailarina e um sorriso estampado no rosto. Mas Rui sabia que a irmã conseguia enconder os seus sentimentos melhor que ninguém; a aparente felicidade era, na verdade, um misto de tristeza, angústia e solidão que a dominava e sufocava.
E era tudo culpa sua.
Tudo.
Ana ajoelhou-se a seu lado e abraçou-o. Mesmo com as poucas forças a esgotarem-se, o corpo da irmã era leve como uma pena.
E a voz, mais doce que uma melodia triste, sussurrou ao seu ouvido:
- Vai ficar tudo bem.

domingo, 16 de janeiro de 2011

"Ghost Girl: A rapariga invisível (Ghostgirl)" - Tonya Hurley

Já tinha encontrado este livro há algum tempo na livraria em que costumo comprar os meus livros, mas foram precisas algumas sugestões para ir comprá-lo. Até mesmo quando acabei de lê-lo fiquei abismada. O livro tem umas 300 páginas e já o tinha terminado no próprio dia em que comecei! Como estava em altura de aulas isso foi um recorde! Uau!

A minha cabeça dividiu o livro em duas partes: Charlotte e Scarlett. Personagens completamente distintas, mas que conseguem tornar-se numa só.

Charlotte deseja a popularidade acima de tudo. Mas, quando acha que os seus objetivos estão a dar frutos, ela consegue acabar com a própria vida ao engasgar-se com um ursinho de goma. Quando acorda e percebe que acabara de tornar-se num fantasma, sabe que todos os métodos que aplicara até à sua morte tinham que acabar. Até que conhece Scarlett.

Scarlett é a irmã mais nova de Petula, a rapariga mais popular da escola e eterna rival de Charlotte. Scarlett consegue ver os mortos e interagir com eles (lembram-se da "Mediadora"?), e mais do que nunca, Charlotte precisa da sua ajuda para conquistar Damen, o rapaz dos seus sonhos. Sim, conquistá-lo mesmo depois de morta.

É mais ou menos no meio do livro que nos centramos na Scarlett. Na minha opinião, se tivesse de escolher entre estas duas personagens, creio que a última seria a vencedora. Porquê? Porque Scarlett é forte e não se preocupa com a forma com que os outros a vêm (ela é gótica), enquanto que Charlotte preocupa-se, acima de tudo, com a sua aparência e a popularidade (que em tudo o livro é nula).

Uma coisa que achei linda (para além da capa), foi as páginas. Se repararem, no topo de cada página, colocaram uns ramos muito giros a fazer de marcação. Muito original! Dá um toque de requinte!

O final nem faz entender que isto é uma coleção. O fim não deixa nada pendente, apesar de ser um bocado atribulado e arriscado para um livro desta envergadura. Esperemos que vá a melhorar já no próximo.

http://www.ghostgirl.com/ --> Vaiam ver o trailer, é lindo! :3

"Quem quer ser bilionário? (Q and A)" - Vikas Swarup

Sabem aquele tipo de livros que demoram ou têm preguiça para lê-los porque acham que vão ser uma seca? Bem, digamos que, estranhamente, eu julguei-o assim. Mas de certeza que tal só acontece comigo...

Desde cedo que Ram Mohammad Thomas tem um dom: consegue ultrapassar cada obstáculo sem dar por isso. E isso reflete-se quando entra no programa "Quem quer ser bilionário" e ganha o prémio máximo, acertando em todas as perguntas.

Mas os gerentes do programa e até a polícia indiana desconfiam que a história traz água no bico. Porquê? Porque Ram é um jovem orfão que trabalha como empregado de balcão num dos mais pobres e degradados bairros de lata de Bombaim. Terá sido Ram capaz de copiar as 12 perguntas que constituiam o programa e arrecadado o bilião de rupias mesmo por baixo dos seus narizes? Esta é a pergunta que todos os leitores vão fazer quando acabarem de ler o primeiro capítulo e avançarem para o próximo.

A história de Ram é muito curiosa; foi deixado à porta de uma igreja cristã à nascença e obrigado a converter-se a três religiões: hindu, muçulmana e cristã. E além de todas identidades que assolam a sua vida, Ram parece ter-se tornado num íman de problemas. E quando entra no mais famoso concurso televisivo, não por dinheiro, mas para encontrar um amor perdido, nem sabe que está prestes a criar mais um complicado trama na sua vida.

Completamente diferente do que estou habituada a ler, Vikas Swarup consegue contar numa belíssima história de vida, amor e determinação o lado negro da sociedade indiana e mostrar que não é preciso ser-se absolutamente inteligente para conseguir o que se quer.

domingo, 9 de janeiro de 2011

"Sobrenatural" Capítulo 1

Sim, eu sei que fiz uma promessa que não cumpri...Mas também foi só uma xD

E outra coisa que eu reparei quando acabei de escrevê-lo é que está bastante "abellezado".  (Uau, inventei uma palavras nova --') Mas como eu digo, o princípio nem sempre é o melhor.

Capítulo 1

Apesar do sol forte, a temperatura dentro da marquise assemelhava-se a um gelo de morte. Lia aconchegou a manta polar de um tom amarelo-torrado em redor dos ombros, enquanto apreciava o cheiro característico a chá quente de limão e laranja.
Deu mais um gole da chávena; o vapor descongelou-lhe a garganta e aqueceu-lhe o corpo. Uma comédia romântica de domingo à tarde passava no televisor, mas ela não prestava atenção; decidiu concentrar-se nas unhas pintadas de rosa e nos pés enroladinhos no sofá.
Precisava de esquecê-lo, ali e agora.
Uma imagem do seu rosto passou-lhe pela mente, mas Lia abanou a cabeça de modo a dissipá-la. Parecia ridículo que, após tantos dias, ainda pensasse nos lábios carmesins e no aroma a baunilha. Quem se interessaria por uma rapariga como ela, comum como muitas outras? Não havia nada que a distinguisse das demais. Talvez umas réstias de ingenuidade.
"Tão burra!" - o grito desesperado ecoou-lhe nos pensamentos, deixando-a desnorteada. Havia tudo sido um erro. Um erro culpa dela.
Apaixonar-se é um erro.
Era naqueles momentos que ela queria bater com toda a força contra uma parede, por mais dura que fosse. Mas não, tinha que comportar-se como as outras, falar como as outras, vestir-se como as outras. A etiqueta deixava-a de rastos.
Ele tinha uma personalidade forte que a deixava sem ar. Coragem e determinação não lhe faltavam.
Ela é que nunca devia ter existido.
Desligou a televisão, cortando a mulher a meio da sua deixa. No primeiro segundo, o silêncio reinou em toda a casa, onde mais nenhum dos membros da família estava presente, mas foi quebrado pelo estrondo da chuva por todas as janelas da casa. Como podia o tempo mudado tão rapidamente?
Depositou a chávena já vazia na pia e pôs-se a vasculhar os cantos. O mundo parecia ter-se esquecido dela.
Acabou a ronda enrolada na cama do seu próprio quarto a olhar para o tecto. A chuva havia parado e Lia, com uma mão tentava enxutar a gata persa para o chão. Esta, incomodada, enrolou-se na carpete do quarto, feita uma bola de pêlo branquinha e fofinha.
Erros.
Era tudo o que havia feito. Acreditar enquanto tudo era, na verdade, impossível. Uma escolha precipitada.
Queria gritar a plenos pulmões, mas quem iria lhe dar ouvidos? Teria que viver com isso. Mas por quanto tempo prolongaria uma paixoneta de adolescente no seu coração despedaçado? Seria tempo suficiente para encontrar outro rumo e enganar-se novamente?
Lia não podia chorar. Não queria dar-se por vencida ainda, apesar de algo na sua cabeça exclamasse para que o fizesse.
Deu uma espreitadela no telemóvel. Tinha deixado desligado durante todo o fim-de-semana para manter-se afastada do mundo exterior, mas sabia que já deveria haver algum sem resposta a entrar em "pânico".
E estava praticamente correcta em relação à lista infindável de mensagens por responder e de chamadas perdidas. Tudo da mesma pessoa: Juliana.
Em geral, a sua melhor amiga tinha um carácter um pouco incompreensível e imaturo. Entrava em desespero se fosse ignorada, ou pior, se alguém não fosse capaz de atender as suas chamadas. E sabia-se lá o que podia estar a passar pela cabeça daquela rapariga.
Decidiu-se por não dar sinais de vida e continuou a admirar o tecto. Quem sabe, talvez, ainda chegasse o seu dia, a sua altura de brilhar...

***
O vento cortante cismava em levar consigo o cachecol com que Lia tentava, a todo o custo, tapar as orelhas, a boca e o pescoço. Apenas para não escutar os zumbidos gélidos da madrugada, colocou rock no seu iPod a um volume considerável.
Nada de muito signficante para uma segunda-feira, para além do facto de serem oito da manhã e de estar numa correria infernal por todas aquelas ruas. Se houvesse alguém que odeie saborear o amanhecer durante um dia de semana, ela estaria sem dúvida num lugar privilegiado da lista. Não é que não gostasse de sentir o sol a bater-lhe na cara, mas sim o facto de saber que mais um dia estava a começar e, antes que desse por isso, antes que pudesse ao menos aproveitar, tinha acabado.
E além disso, os outros. Que é o mesmo que dizer os grupinhos irritantes em que os membros nunca se largam. Seja qual for a situação.
Deixou os Three Days Grace a tocarem sozinhos para os auriculares e virou-se, molengona, para quem havia tocado no seu ombro.
- O que é? - suspirou, desejando nem estar presente para ouvir a resposta.
- Não atendeste nenhuma das minhas chamadas - Juliana fez beicinho como se fosse uma criança que ansiava por uma guloseima.
- Fiquei sem bateria no telemóvel e só lembrei-me de carregá-lo ontem - foi a primeira e mais esfarrapada resposta que lhe surgiu na cabeça. Mas, mesmo assim, a amiga deu-se por satisfeita e recompôs-se, debatendo-se para conseguir manter o cabelo liso no meio de todo aquele vendaval.
- Eu pensei que pudesses ter ficado mal...
Lia nem a deixou acabar; cortou-a a meio da frase, tentando não parecer inconveniente ou muito nervosa.
- Eu não estou mal; estou perfeitamente normal - fez um sorriso (o mais amarelo que conseguiu) e ponderou se estaria demasiado corada para Juliana desconfiar da sua pequena mentira.
Mas também não sabia explicar o que estava a sentir. Vergonha? Arrependimento? Sentia-se confusa.
- Okay, vossa excelência é que manda - respondeu, irónica, e levantou ambos os braços em sinal de desistência.
Sem terem dado por isso, estavam a entrar em território escolar e os estudantes presentes no recinto tentavam aquecer-se com toda a roupa que tinham no corpo (apesar de o vento ter, misericordiosamente, abrandado um pouco). Mas, no meio disto tudo, havia gente a tagarelar de um lado para o outro e os "grupinhos" pareciam mais unidos com o frio.
Lia continuou a sua singela caminhada até ao edifício. Com a ajuda do calor humano, a temperatura no local era superior ao exterior e ela ainda ponderou se deveria ou não retirar o cachecol. Decidiu-se por mantê-lo.
Juliana, essa nem precisava de saber onde a outra iria; era um ritual diário e contínuo: atravessar todos aqueles corredores a abarrotar de gente a andar de um lado para o outro, procurar um número e esperar. A vida parecia ser uma anedota e estava todos os dias a rir-se delas.
- Olha quem anda aí - comentou Juliana, seguindo Lia de perto enquanto esta procurava por uma carteira vazia numa imensidão de outras cheias. Como sempre, quando ela achou um lugar, sentou o rabo no tampo da secretária e cruzou ambas as pernas, num gesto de provocação e superioridade, como ela gostava de ser vista.
Lia nem precisou de muito tempo para saber a quem ela referia-se; o tom de voz dela mudava automaticamente para puro escárnio, mas ela, mesmo assim, fora demasiado estúpida em acreditar em si mesma.
- Sua excelência real...! - ironizou - Ai, Joãozinho, Joãozinho, o teu problema é teres nascido - Juliana apelidava-o assim porque ele era, bem, abastado. Apesar de João não dar muito nas vistas sobre o assunto, já todos o sabiam. Isto e o facto de ele transpirar um encanto fatal por todos os poros eram os iscos perfeitos para atrair qualquer uma.
- És tão maldosa - Lia contrapôs-se, num tom de brincadeira. A amiga atirou-lhe um sorriso de orelha a orelha.
- Eu esforço-me.
Tiveram que terminar a conversa porque o professor havia entrado e mandado todos sentarem-se, aclarando a garganta num tom autoritário. A turma seguiu a ordem com obediência. Todos sentiam respeito por aquele homem bigodaço, com os olhos pequeninos, não maiores pequeninos. Mas eram as feições duras (como um sargento militar) que o mais o caracterizava. Os alunos não sabiam mostrar como se sentiam, se um misto de medo ou de educação.
Ela detestava ficar na carteira mais longínqua da janela; logo de manhã, conseguia sentir-se melhor apenas em ver o sol brilhante a ofuscar a paisagem açoriana, e mesmo só um olhar deslocava-a para fora do perímetro, deixando-a a quilómetros de distância da realidade.
Mas naquele dia o céu permanecia cinzento, tal e qual como o seu humor. O único refúgio da sua imaginação parecia estar encerrado ao público, e a sua única escolha era continuar a ouvir o burburinho das conversas do lado.
Normalmente, ninguém a achava engraçada e eram poucos os que se atreviam a deitar-lhe um olhar em cima mais que um minuto sem que tenham que a examinar por corpo inteiro. Juliana sempre afirmara ser inveja, porque Lia tinha um cabelo negro como azeviche, que caía numa cascata ondulante e constratava com a tez de porcelana. E sim, ela era diferente. Diferente por que não se achava o máximo e sabia sempre quando admitir um erro.
Juliana podia considerar-se como a sua única verdadeira amiga, digamos. Ou pelo menos a única com quem conseguia ter uma conversa sem que descaísse para fins despropositados.
Reencostou-se na cadeira e procurou um ponto para distrair-se, apesar de saber que tinha de tomar atenção em qualquer aula.
Mas, apesar de ser diferente, ela também se sentia e magoava-se como os outros. E isso era mais que visível, mas ninguém o queria ver ou admitir. Até ser desgostosamente corrompida. E tudo aquele processo havia deixado estragos.
Cada minuto que passava era detestavelmente longo... Mas apenas não sabia que não era o pior caso...

Aquisições!! #4

É preciso dizer muito?
Oh pá, que efeito fixe...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ano novo, Bida velha

Sim, nada vai mudar. Para além do 'fato' que vou ser obrigada a escrever em brasileiro. --' Não que ache ridículo, mas é absolutamente desnecessário. Ai, que agonia!

Vamos passar a falar 'corretamente'?